Conheça o programa da Leão Coca-Cola para reduzir a sinistralidade

reduzir a sinistralidade

A área de Recursos Humanos sempre está em busca de soluções para reduzir a sinistralidade nas empresas.

 

Todos os anos o Ministério do Trabalho realiza uma pesquisa sobre os acidentes em ambiente corporativo registrados em todo País, chamada de Observatório Digital de Saúde e Segurança e do Trabalho.

 

Em 2017, foram registradas 574.050 ocorrências de acidentes de trabalho e, analisando o valor em indenizações gastos nos últimos seis anos, obtêm-se a soma de R$ 26,2 bilhões.

 

Além da gravidade sensivelmente humana desta situação, pois são mais de meio milhão de pessoas fora de um estado normal de saúde, não podemos esquecer dos custos para as empresas.

 

Ambos os olhares podem sim ser englobados em um planejamento estratégico bem estruturado, que preze a saúde dos colaboradores e o controle do fluxo de gastos.

 

Mais do que isso, é preciso mostrar à toda alta gestão da companhia que a área de saúde e segurança da empresa pode apresentar lucratividade.

 

Baseado nesta premissa, vamos conferir algumas lições de planejamento para a redução de sinistralidade na Leão Coca-Cola.

 

Confira esse artigo até o final.

 

Controle de acidentes de trabalho

 

Segundo Silvio Luiz Jesus da Silva, Técnico Corporativo de Saúde e Segurança da Leão Coca-Cola, que contou toda experiência da companhia no assunto no evento Corporate Health, realizado pela Blueprintt em junho deste ano, o grande objetivo desta virada foi o pensamento se voltar para a busca de retorno financeiro em uma área que é conhecida por só gerar gastos.

 

Para começarmos, é preciso entender que o Fator Acidentário de Prevenção (FAP) tem três importantes pilares de sustentação: a frequência (principal fonte dos estudos aplicados), a gravidade e os custos, que se tornam mais uma consequência de todos os outros pilares.

 

Toda esta movimentação começou depois de uma mudança de gestão em 2015, que identificou muitos afastamentos sem análise de atestados.

 

“Neste ano nosso gasto com FAP estava em R$ 2 milhões. Em 2016 foi pra R$ 1,7 milhão, sendo que, para chegar a este ponto, o investimento foi de apenas R$ 100 mil. E este ano, com mais uma contenção de R$ 76 mil, provavelmente até dezembro alcançaremos a projeção de R$ 1,3 milhão de gastos dentro da área. Será uma economia de, aproximadamente, R$ 630 mil”, explica da Silva.

 

Primeiros passos

 

Um dos primeiros passos implantados por eles foi começar a fazer a divisão de FAP por unidade e segmento. Afinal, há dois anos não era mais necessário ligá-lo ao CNPJ raiz, o que facilitou este controle.

 

Assim, foi possível descentralizar a visão dos números e identificar fenômenos por unidade, começando pelas que apresentavam os índices mais alarmantes.

 

Sem esquecer que estamos falando de uma empresa de 2.140 funcionários, que chegará a casa dos 3.000 após a incorporação da empresa de laticínios Verde Campo à Leão Coca-Cola.

 

“Nós começamos a dar um zoom nas causas de afastamento, algumas que poderiam ser evitadas, como, por exemplo, nexos epidemológicos, fato que somente seria possível com a análise de um médico. Sua presença faz parte do investimento”, ressalta da Silva.

 

Ele disse também que esta e algumas outras particularidades não aparecem no momento da perícia, então é extremamente importante conseguir dar cada vez mais informações ao perito, para que ele possa interpretar estes detalhes e ver se aquele afastamento tinha ou não relação verdadeira com o trabalho.

 

 

Pontos de atenção

 

Há quatro fatores que foram os eleitos para a organização deste novo pensamento da Leão Coca-Cola: a Gestão de Afastados, Gestão de Absenteísmo, Gestão de Contestações e os Indicadores.

 

“A base de tudo é a conciliação de dados da folha de pagamento. Integramos o que estava na base do INSS com o sistema de saúde e segurança da empresa, pois havia muitos desencontros. Por exemplo, um colaborador que estava afastado na folha e não estava no ambulatório ou que tinha voltado à trabalhar e o RH não sabia”, frisa da Silva.

 

Para a Gestão de Absenteísmo, todas as áreas passaram a ter um comitê multidisciplinar composto por liderança, RH, segurança e saúde. Essa equipe extrai os fatores determinantes dos relatórios.

 

Muito também porque, como foi dito pelo Técnico Corporativo de Saúde e Segurança da Leão Coca-Cola no palco, a literatura mostra um grupo de risco que podemos ter nas empresas, mas, na prática, podem existir outros. Então, tendo uma prévia visão sobre eles é possível trabalhar de forma personalizada.

 

Na Gestão dos Afastados começou a acontecer um monitoramento de retorno, para que soubessem previamente sobre a volta dos funcionários ao trabalho e, assim, pudessem preparar o ambiente para tal.

 

Um dos pontos de apoio desta mudança é a existência de uma enfermeira, que visita mensalmente as pessoas afastadas. Além deste controle, ela também procura entender a evolução do quadro, se a pessoa precisa de algum outro tipo de acompanhamento, suporte ou informação.

 

Para evitar as contestações, houve a criação de um sistema de envio prévio de informações para a previdência, com um histórico dos funcionários contendo laudos anteriores, qualidade do ambiente laboral, controles médicos e de segurança, por exemplo.

 

“Fazendo isso você pode conseguir, previamente, descaracterizar um B91 para um B31. Esta pessoa pode ter se machucado jogando futebol, por exemplo, e, batendo com as informações da empresa, não fará sentido ter um nexo causal”, justifica da Silva.

 

No quarto pilar, os indicadores, agora a Leão Coca-Cola faz um levantamento mensal dos dados, o que ajuda a tomar decisões sobre implantações de novos projetos para evitar o aumento de algumas sinistralidades. Além de, claro, tornar muito mais palpável o trabalho da área.

 

Mais alguns programas implantados

 

Uma das mudanças nascidas deste projeto foi a implementação do Saber Viver.

 

Este programa ajuda a preparar o ambiente para pessoas que estão voltando ao trabalho, já que existe um percentual grande de funcionários que são afastados por um tempo e não conseguem se adaptar às mudanças estruturais ou até de gestão em seu campo de trabalho.

 

Também foram revisados todos os procedimentos de integração, contratação, acompanhamento, treinamento, gestão de afastados dentro do ambulatório e na gestão de atestados. Assim, tornou-se possível começar a ajudar o colaborador a não chegar à um problema mais sério, tratando-o em sua raiz.

 

Começar a analisar perfis de colaboradores frente às suas posições de trabalho também foi um passo importante para a Leão Coca-Cola.

 

“Você não pode colocar uma pessoa de dois metros de altura para trabalhar em uma estação de produção de chás, como a que temos no Paraná, por exemplo, pois exige muitos agachamentos diários e isso forçará a coluna do colaborador”, complementa.

 

E, por fim, fechando um ciclo que os leva de volta ao começo de qualquer outro programa que se deva implementar, há uma frente que pensa em programas de saúde compactados, após analisar feedbacks dados pelos comitês de absenteísmo.

 

Vale lembrar

 

O acompanhamento recorrente dos indicadores é indispensável, só assim é possível tentar mudar os olhares de gastos da área para o retorno financeiro, já que esta diminuição de absenteísmo gera mais tempo e qualidade de trabalho e a saúde impera no ambiente.

 

“A maioria dos erros das empresas é que uma área ou outra se mexe para iniciar um pequeno projeto sobre o assunto, mas nunca se junta ao todo e analisa, de fato, o retorno financeiro que dará, não há estratégia. A ideia é sentar na mesa do CEO e dizer: este é o problema, esta a solução proposta e este é o ROI”, finaliza da Silva.

 

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