O perfil do profissional de Relações Governamentais tem mudado no decorrer dos anos, e é consenso geral que não mais basta uma gama de contatos e relacionamentos, se faz necessário conhecimentos gerais e técnicos para conseguir maior articulação e influência.
Nesse sentido, profissionais com formações diferentes das comuns estão ingressando e construindo carreira na área. Por todos esses fatores, é de extrema importância discutir sobre as novas competências, skills e até mesmo opções para continuar aprendendo e se desenvolvendo.
E para falar sobre o assunto, tivemos a participação do Kaike Boni de Mathis Silveira, Coordenador de Relações Governamentais da Amcham na última edição do Programa Executivo de Imersão em Relações Governamentais.
Continue a leitura e confira os principais pontos!
Contexto do profissional de Relações Governamentais
A área de Relações Governamentais está em constante mutação e transformação, por isso, não é possível dizer que exista um novo perfil para os profissionais.
Mas existe sim uma série de fatores que definem um profissional de relações governamentais e o ideal seria que os times contemplassem pessoas com competências diversas, porém essa não é a realidade atual da maioria dos departamentos.
De maneira geral, as equipes são bem reduzidas e isso se deve a uma disputa de conceitos. A grande prova disso é a grande quantidade de nomenclaturas de cargos relacionados à área.
Além disso, o termo “lobby” ficou estigmatizado, principalmente no Brasil, mas isso pode e deve ser desmistificado, pois ele não significa nada além da representação comercial de interesses.
A maneira mais homogênea de se referir aos profissionais da área seria como de “defesa de interesses”, sejam esses interesses de relações institucionais, assuntos regulatórios, promoção e defesa comercial, dentre outros.
Essa defesa de interesses se refere a clientes internos e externos e a área precisa ser capaz de atender ambos e trabalhar como facilitador dentro da organização, entendendo todos os pontos sensíveis ao negócio e externalizando tudo que ele tem a oferecer ao mercado.
Fazer um mapeamento é fundamental para saber onde está e onde a área quer chegar, o passo mais importante nesta jornada é a definição de seus interlocutores e recursos disponíveis.
Principais Interlocutores
Não dá para ser simplório e dizer que o profissional de relações governamentais lida apenas com o governo, pois em uma primeira análise, o governo conta com o executivo e legislativo e somente nisto tem-se um mundo de entidades e pessoas envolvidas.
Dependendo do tipo de negócio e se a empresa está sujeita ou não aos órgãos reguladores essa gama aumenta expressivamente.
A análise desses interlocutores precisa ser holística com o devido mapeamento para que nenhum ponto importante deixe de ser coberto ou de receber a devida atenção.
Novo perfil de interlocutores
Existe sim um novo perfil, mas no campo dos interlocutores e não do profissional da área. E ele consiste na opinião pública conectada, ou seja, são as celebridades, influenciadores, redes sociais, sociedade civil organizada, mídia independente, dentre outras.
Para lidar com os interlocutores padrão (governo – executivo, legislativo, órgãos reguladores, agências e autarquias) é preciso conhecer todo o regramento para conseguir operar entre as regras da maneira correta.
Além das regras, é importante conhecer e aplicar o compliance. Pois não há outro caminho para desmistificar a profissão de relações governamentais e dissipar essa zona cinzenta que circula a área no país.
Considerando todos esses pontos tem-se um instrumental claro que pode ser usado como base para montar equipes e na contratação de pares:
- multidisciplinaridade;
- narrativa;
- mapeamento;
- regramento;
- compliance.
Qualificação do profissional de RelGov
A área de Relações Governamentais está aberta para pessoas oriundas de diversos cargos e especificações. O que vale mesmo é a experiência de campo, e entender bem o ambiente dos negócios na prática.
Estudo do regramento é fundamental, existem diversos mecanismos para se conseguir estas informações, como o site da câmara, senado e escola do parlamento. Há uma série de cursos gratuitos que explicam como funcionam as tramitações, ritos e prazos do governo.
Um mestrado ou doutorado pode fazer muito sentido por proporcionar uma convivência maior com o regramento e expandir a capacidade analítica. Além disso, a troca de experiência com pares em eventos e cursos também pode ser um grande diferencial na trajetória dos profissionais.
Quer aprender mais sobre a área de Relações Governamentais e trocar experiências com pares do setor? Então inscreva-se na 2ª turma do Programa Executivo de Imersão em Relações Governamentais. Acesse o site e saiba mais.