Marque conteúdos que você deseja receber
Apesar da alta expectativa após a Reforma Trabalhista e com a Medida Provisória 808/2017, o cenário atual é de muita instabilidade e incertezas, o que deixa muitas empresas no escuro sobre como conduzir as negociações coletivas de trabalho.
Diante de tanta nebulosidade, as relações entre empresas e sindicatos tornaram-se ainda mais tensas.
A contribuição sindical obrigatória, por exemplo, caiu, o que ajudou a complicar o debate entre as partes, uma vez que os sindicatos estão menos propensos e abertos a aceitar propostas. Isso torna as negociações morosas e difíceis.
Nesse contexto, quais são as melhores práticas e como as instituições podem fazer para garantir o sucesso de negociações futuras?
Continue lendo e saiba mais sobre o tema.
A Reforma Trabalhista como estamos observando não é exclusividade do Brasil e já se manifestou em diversos países em diferentes momentos.
Nilton dos Anjos, gerente jurídico da Embraer, acredita que, no país “a espinha dorsal dessa mudança é a prevalência do negociado sobre o legislado para que se possa ter maior liberdade e construir as condições de trabalho que atendam melhor cada categoria”.
Ele, inclusive, ressalta a importância da flexibilidade e transformações como essa para driblar crises e a alta dos índices de desemprego.
Em suma, dos Anjos acredita que a reforma é importante e que as empresas devem facilitar a evolução dessa mudança para que as negociações ganhem mais robustez e estejam mais alinhadas com a modernidade – se afastando de um modelo anterior, considerado retrógrado.
Daniella Janoni, consultora para relações do trabalho na Latam, também contribui para o debate reforçando que não existe uma regra ou “receita de bolo” de como as empresas vão se comportar diante de negociações coletivas de trabalho.
Tudo vai depender muito do momento e da cultura organizacional, além de considerar todo o panorama de fragilidade política, jurídica e econômica.
No entanto, separamos 3 momentos para a sua empresa se preparar para as negociações coletivas de trabalho.
De acordo com os especialistas, antes de iniciar a negociação, a empresa deve ter 6 pontos essenciais em mente:
É crucial valorizar a importância das negociações coletivas de trabalho. Daniella relembra que elas são “fundamentais para manter a sustentabilidade do negócio, a competitividade e um clima favorável no ambiente de trabalho”.
Antes de tudo, deve-se ter clareza de onde a empresa quer chegar com uma negociação. Logo, é preciso ter metas, objetivos e estabelecer as ações que vão viabilizar o alcance de tais ações.
Saiba também inovar e ser criativo, pensando em novas formas de negociação. Nessa etapa, realize uma série de análises para guiar o planejamento, como:
Nesse estágio, desenhe cada passo das negociações e coloque todas as ideias no papel. Alinhe os objetivos gerais com cenários internos e externos e estabeleça prioridades.
São vários os stakeholders dentro de uma empresa que devem contribuir e participar de um processo de negociação, tornando-a mais rica e multidisciplinar.
O setor de comunicação, por exemplo, tem uma função relevante para comunicar as decisões das equipes. Já o RH e a gestão concentram a tarefa de inspecionar o clima organizacional. O financeiro também tem muito a agregar na discussão.
O líder precisa estar envolvido no processo e sua presença faz toda a diferença para facilitar – ou prejudicar – negociações. Para delinear um caminho favorável para boas negociações a liderança deve:
Por fim, a empresa precisa estar preparada para o insucesso de uma negociação. Diante desta situação, tenha um plano de contingência e mapeie todas as ações necessárias para enfrentar possíveis greves e paralisações que podem afetar a imagem e as operações da corporação.
Para otimizar o processo, a consultora para relações do trabalho na Latam recomenda os seguintes passos:
Determine quem serão os participantes: quem fará parte da bancada patronal, quem serão os representantes, porta-vozes, observadores e responsáveis pelas anotações, entre outros.
Crie um cronograma de reuniões com os sindicatos. Isso faz com que o deadline da negociação seja cumprido.
As atas devem retratar fielmente tudo que está sendo convencionado ao longo das reuniões e todas as propostas que forem colocadas em mesa. Elas servem, posteriormente, como base para um dissídio coletivo.
A cada rodada de negociação, garanta a comunicação interna das decisões com os empregados para que o conhecimento não fique somente nas mãos dos sindicatos. Daniella aconselha deixar rascunhos do comunicado oficial prontos para agilizar as aprovações.
Alem disso, é importante combinar com os sindicatos o que será abordado nos comunicados ou não, afim de não levantar uma “guerra de comunicação”, que pode tencionar ainda mais a base ou frustrar expectativas.
Uma vez firmado um acordo, é indicado tomar algumas atitudes.
Retrate de forma íntegra e honesta tudo o que foi negociado. É vital manter uma linguagem clara, sem dualidades ou margem para brechas e interpretações.
Essa conduta evita conflitos e problemas judiciais e sindicais.
Em um momento de reflexão, pense se os caminhos tomados nas negociações foram os mais corretos. Para a consultora para relações do trabalho na Latam, não existe uma regra. Portanto, registrar o que foi feito é a melhor maneira de entender o que deu certo e fazer ajustes no futuro.
Por fim, Luiz Xavier, diretor de Relações do Trabalho na Tefefônica, aponta que a Reforma Trabalhista não é somente uma oportunidade para que uma empresa se beneficie e reduza custos.
“Esse pensamento não é sustentável. É preciso ter em mente o ‘ganha a ganha’ ou melhor, o ‘perde e perde’ nas negociações coletivas de trabalho, uma vez que, para o sucesso, cada parte tem que estar disposta a ceder um pouco”, afirma.
Ademais, sobre a questão do sindicado, ele sublinha que a melhor forma de negociar mudanças ainda é por meio dessa entidade.
“O sindicato existe, pois é inviável – e improdutivo – para uma empresa negociar com cada indivíduo. Logo, brigar com o sindicato é prejudicar o dia a dia das pessoas que trabalham ao seu lado. Por isso, é importante priorizar sempre o meio-termo”, finaliza.
Gostou do artigo?
Então, aproveite o momento e compartilhe essas informações nas suas redes sociais para seus colegas e parceiros!
Leve a sua gestão para o topo
Aperfeiçoe-se com insights exclusivos dos principais nomes da gestão