Por que combinar culturas organizacionais é o melhor para a sua empresa

Quando se trata de cultura organizacional, temos acesso a uma vasta literatura sobre isso, mas indubitavelmente uma das principais obras escritas sobre o tema é o livro Deuses da Administração, de Charles Handy.

A forma como é administrada uma empresa revela a cultura organizacional no contexto em que ela está inserida. E, dentro deste contexto, crenças, valores e metas podem determinar o resultado de todo o trabalho exercido na organização.

Charles Handy é um irlandês nascido em Dublin que estudou em prestigiadas faculdades dos Estados Unidos, a Oxford e a MIT (Massachusetts Institute of Technology).

Considerada obra prima sobre os modelos de cultura empresarial, em Deuses da Administração o autor utiliza quatro deuses da Grécia Antiga: Zeus, Apolo, Atena e Dionísio, atribuindo a cada um deles um estilo de administração.

E a razão para isso é simples. Para os gregos, os deuses representavam determinadas características que podiam ser aderidas ao modo de agir e pensar.

Handy explica que os deuses do Olimpo simbolizam as diferentes maneiras de administrar que podem ser discernidas nas organizações, frisando que a gestão não é uma ciência exata, mas um processo criativo e político que deve muito à cultura e à tradição prevalecentes naquele lugar e naquele momento.

Cultura organizacional regida por Zeus

Zeus é o deus patrono na mitologia grega, que representa a tradição patriarcal, o poder irracional mas muitas vezes benevolente, a impulsividade e o carisma. Dessa forma a liderança da organização é concentrada em uma única pessoa, que será o centro das atenções.

Neste modelo cultural, não importa a especialização do indivíduo, prevalece o círculo de contatos. O processo de análise lógica não é muito utilizado, preferem testar seus impulsos.

Este tipo de comportamento, em que quanto mais próxima a pessoa for do seu líder dentro da empresa, mais poder ela terá, denuncia trocas de favores e favoritismos do gestor, em detrimento de se cumprir um objetivo para o bem comum.

Exemplos de culturas da Zeus: negócios familiares, pequenos e médios comércios, bancos de investimentos.

Cultura organizacional regida por Apolo

Na mitologia grega, Apolo é o deus da juventude e da beleza. Ao contrário de Zeus, a administração de Apolo se caracterizava pela formalidade excessiva. Regras deveriam ser obedecidas e ordens cumpridas à risca.

A cultura do papel como fonte de prova para qualquer ação é predominante aqui, por isso, esse tipo de cultura organizacional tende a ser extremamente burocrática.

Apolo era o deus da ordem e das regras. Por assumir que o homem é racional e que tudo pode e deve ser analisado de uma forma lógica, essa cultura possui funções cuidadosamente divididas para cada integrante, de forma racional, a fim de se alcançar um objetivo da maneira mais eficiente possível.

Pecam por excesso nos processos burocráticos, que dificultam o processo de mudanças quando necessário. Em contrapartida funcionam muito bem quando assumem um porte econômico considerável, onde a centralização do poder já não é mais possível.

Os indivíduos deste tipo de cultura organizacional preferem aprender usando a lógica e buscam adquirir novas competências e habilidades utilizando muito do processo de treinamentos. Reconhecem o poder pela posição ou título assumido e a figura da autoridade.

Exemplo de culturas de Apolo: companhias de seguro e entidades públicas.

Cultura organizacional regida por Atena

De acordo com a mitologia grega, Atena é a deusa da sabedoria. Deusa guerreira, solucionadora de problemas dos artesãos e dos líderes pioneiros.

Sendo assim, o foco principal deste perfil de administração é solucionar problemas. Para este tipo de organização, o mais importante é atuar em um grupo onde não existe poder centralizador, o que existem é um aglomerado de forças-tarefa na busca de soluções aos problemas da organização.

No entanto, dentro deste tipo de cultura, a inovação é o elemento fundamental para a solução de qualquer tarefa, o que dificulta seus indivíduos a seguirem uma rotina. Além disso, a equipe é sempre formada por especialistas que fazem valer seu preço no mercado.

E empresas que atuam em resolver problemas custam caro, pois o erro nas primeiras tentativas é praticamente inevitável. Por isso, essas organizações têm curto tempo de vida e geralmente não se adaptam às situações de crise.

Ao menor sinal de retração econômica, estas organizações são as que primeiro sentem os impactos negativos, como o corte de empregados, diminuição no volume de recursos destinados à pesquisa ou até mesmo descontinuidade dos negócios.

Exemplos de culturas de Atena: agências de propaganda, consultorias e empresas como a 3M e a Microsoft.

Handy afirma que os novos profissionais das organizações desejam atuar com o espírito de Atena, no entanto em muitos casos acabam esbarrando em culturas de Apolo ou Zeus, gerando um atrito de cultura.

Cultura organizacional regida por Dionísio

Dionísio é o deus das festas, dos vinhos e do teatro. Handy o descreve como o deus que representa a ideologia existencial, ou seja, o individualismo imperando sobre o coletivismo.

Logo, organizações regidas por Dionísio são bastante diferentes dos demais modelos, já que não é o indivíduo quem serve a organização, mas sim a organização quem serve ao indivíduo. Por isso, as opiniões dos especialistas são muitas vezes mais levadas a sério do que a opinião do próprio gestor.

Para o autor, os indivíduos da cultura organizacional de Dionísio não poderiam ter uma classificação rígida de seus hábitos, portanto é bastante difícil influenciá-los, até porque não reconhecem o poder da organização.

Exemplos de culturas de Dionísio: Universidades, escritórios de advocacia, contadores e consultórios médicos.

Combinação de culturas

Após descrever as características de cada tipo de cultura organizacional, Handy destaca que uma organização não é administrada exclusivamente por um único modelo de configuração organizacional. Uma organização regida por Zeus, por exemplo, poderá possuir também indivíduos de Apolo.

Por isso, o autor adverte que o desafio maior das empresas é encontrar o equilíbrio entre as culturas, de forma a buscar a harmonização entre os perfis de cada deus, tornando a organização o mais produtiva possível sem traumas no relacionamento entre os indivíduos.

Handy revela, por exemplo, que a maioria das organizações geralmente nascem sob a regência de Zeus e com o passar do tempo e o crescimento econômico acabam migrando para uma cultura de Apolo. Em um momento futuro, com possível prosperidade econômica podem assumir características da cultura de Atena.

No entanto, o mais distante dos modelos na atualidade é a cultura organizacional regida por Dionísio, o que também justifica a dificuldade em encontrar um equilíbrio harmonioso com todas as culturas.

Handy sugere, por fim, a escolha de colaboradores com as mesmas características da organização, o que pode minimizar os atritos no cotidiano. Além disso, existem outros desafios que podem promover conflitos dentro e fora de uma organização.

Em diversas outras organizações que precisam trabalhar juntas, em relações de filial e matriz, empresas parceiras ou com diferenças culturais por serem de diversas regiões do globo, apresentam culturas organizacionais distintas ou dentro de contextos distintos.

As organizações, cada qual com sua cultura própria, são administradas de formas diferentes, o que serve para algumas não servirá para outras.

Sendo assim, a melhor receita para o equilíbrio entre os deuses é entender e respeitar a influência que os indivíduos trazem do cotidiano para a empresa, primando sempre para o equilíbrio e reconhecendo as diferenças do meio e no contexto de cada organização.

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