A área de finanças talvez seja a mais mutável dentro da estrutura corporativa. São muitos fatores que impactam direta e indiretamente a rotina de trabalho. Manter o caixa verde sempre foi um dos principais objetivos, mas como as empresas estão lidando com a adversidade em ambientes diversos?
Ainda que a economia tenha crescido no primeiro trimestre, não são todos os setores que se beneficiaram dessa evolução. Diversas empresas ainda passam por dificuldades em encontrar formas saudáveis de manter as finanças em dia.
Mesmo com a alta da inflação, gestores buscam por cenários possíveis para viabilizar a continuidade das operações. Na última edição do Programa Executivo de Imersão em Controladoria, Rafael Coutinho Frugis – Controlling Manager da Bosch foi convidado para compartilhar suas experiências.
“Existe um estigma que a gente é muito grande, que demora e todo mundo convive com essa questão. A gente viu na prática esse ano que muitas coisas podem ser mais rápidas, muita coisa pode ser diferente. Basta todo mundo querer”, salienta Rafael sobre o plano de contingência da covid-19 adotado pela Bosch.
É praticamente impossível querer encontrar coisas positivas em uma pandemia, mas há melhores formas de se adaptar a essa realidade. O pensamento de Rafael está direcionado para esse sentido, uma empresa grande e tradicional nunca, em hipótese alguma, pensaria em adotar o home office.
Outro destaque feito pelo gerente de controladoria foi o fortalecimento da parceria entre as áreas. “As pessoas estavam distantes, mas com uma interação mais efetiva”, diz.
Há uma lógica básica, sem pessoas não existe produção, logo não existe resultado. O primeiro passo para lidar com essa diversidade é pensar em como proteger o maior bem de uma empresa: os colaboradores.
Nesse contexto, a saúde é a principal preocupação da sociedade, cabe às organizações preservarem os funcionários. A criação de um plano de ação visando a saúde do colaborador é fundamental para seguir a estratégia na adversidade. Tanto na saúde física, quanto na saúde mental.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Kenoby, startup de recrutamento digital, 93% dos 488 profissionais de RH de todo o Brasil revelaram que falta um olhar das empresas para o tema saúde mental.
Ainda sobre a pesquisa:
- 93% acreditam que falta um olhar das corporações para a saúde mental;
- 40% não veem prioridade da empresa em criar uma área específica voltada a isso;
- 67% confirmam afastamentos de funcionário por problemas emocionais;
- 62% das empresas não oferecem benefícios nesse campo aos funcionários.
Como podemos perceber, é necessário um plano de ação nesse sentido. No caso da Bosch, a saúde do colaborador foi a principal preocupação no plano de contingência da pandemia.
Só depois foi discutido a manutenção dos negócios e, por último, a sustentação do caixa. Em relação aos negócios, foi criado um hábito de reuniões periódicas entre a liderança para definir as medidas que mitiguem os impactos da covid-19.
Quem compõe as reuniões é o comitê de crise, onde os assuntos relacionados ao caixa são debatidos. Todas as entidades legais da América do Sul fazem parte do comitê.
Lidando com a adversidade e utilizando ferramentas para se adaptar
Os recursos tecnológicos já estavam no espectro das empresas como ferramenta estratégica, e dentro de um cenário atípico e volátil se fez mais necessário. Porém, o uso dessas ferramentas devem ser em prol do negócio e para facilitar o dia a dia do colaborador.
Uma das soluções mais viáveis é a criação de aplicativos para estreitar a comunicação com os funcionários. É um ambiente que todos já estão acostumados por conta das redes sociais e, se bem desenvolvido, oferece uma gama enorme de oportunidades.
“Foram criados aplicativos para que os colaboradores pudessem baixar nos seus celulares e ter acesso às informações impressas na planta, por e-mail, diversas formas para que aquelas informações chegassem de forma efetiva aos colaboradores”, explica Rafael.
Hoje, pode ser avaliada como um custo alto, mas a curto prazo é possível ver resultados. Além da comunicação ser mais rápida, o gasto com materiais como papel, toner, tintas de impressora e manutenção é quase nulo. De imediato já é possível notar a diferença.
Cabe lembrar que dentro desse contexto inconstante, soluções ágeis são as mais indicadas. Com a pandemia, o interesse na metodologia ágil cresceu em 20%, justamente pelo fato de não ter muito tempo para grandes avaliações, o planejamento com base em pequenas metas e objetivos é uma tendência nas organizações.
De acordo com Rafael, três pilares foram seguidos para lidar com os negócios na pandemia:
- Independência financeira;
- Autonomia;
- Capacidade de ação.
Na atual conjuntura é comum empresas optarem por empréstimos, financiamento ou qualquer outra opção do tipo, mas em um momento tão incerto, o quão isso é válido? Preservar a independência financeira, ainda que tenha reajustes, é o ideal para manter a autonomia e ter livre acesso à capacidade de ação.
O gerente explica como foi a ação para manter o fluxo entre negócio e caixa. Três equipes foram formadas: comitê tático, comitê estratégico e rolling forecast (orçamento contínuo). O trabalho foi separado por semanas.
Semana 1: fechar os resultados do mês passado;
Semana 2: forecast de vendas e resultados para os próximos 3 meses;
Semana 3: avaliar o Real versus Forecast anterior, apresentar a estimativa para os próximos meses e definir medidas;
Semana 4: implementação de medidas para efeito no próximo mês.
“Foram meses bem intensos, de bastante trabalho, de muita troca de experiência. (…) Entre gerentes, diretores e presidentes era falado ‘gente, não sabemos se vai dar certo, mas é isso que temos para fazer’ e foi muito bom ver as pessoas sem muita preocupação com os cargos”, relembra Rafael.
Nem sempre o caso de uma empresa se aplica a sua, mas o importante é criar uma estratégia de acordo com a realidade que a sua organização vive. Agir com o foco na evolução, na melhora e priorizando inovações será sempre positivo.
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