Inteligência emocional: como usar para tomar decisões?

Inteligência emocional é um conceito ligado a inteligência social, criado por Daniel Goleman. Em sua definição mais simples, significa que uma pessoa emocionalmente inteligente é aquela que consegue identificar e controlar suas emoções com facilidade. Mas não basta apenas olhar para a própria mente, é necessário prestar atenção nas pessoas que estão ao redor e em seus sentimentos.

Trazendo esse conceito para o âmbito corporativo, de acordo com uma pesquisa realizada pela Talent Smart, 90% dos profissionais com melhor performance têm altos níveis de inteligência emocional. Uma pessoa emocionalmente inteligente tem maior capacidade de lidar com os desafios do trabalho. Ainda neste sentido, os gestores precisam se relacionar bem com suas equipes, levando em conta os seus sentimentos e desenvolvendo empatia.

Na última edição do PMO Summit, tivemos a participação da Chris Melchiades, Sócia do Grupo Fellipelli, falando especificamente sobre como trabalhar a inteligência emocional do time para que as melhores decisões sejam tomadas em tempos de constantes mudanças. Trouxemos os principais pontos levantados por ela que podem te ajudar nesta jornada.

Continue a leitura e saiba mais!

Contextualização

“Quando você trabalha a sua inteligência emocional, seu time, automaticamente, vai se beneficiar das melhores decisões.” Esta foi a frase inicial da Chris Melchiades em sua palestra.
Só é possível gerenciar aquilo que se conhece, portanto, antes de gerenciar seus times os líderes precisam se darem conta de como seus processos emocionais funcionam e assim terão condições de expandir a ajuda à equipe.

Todos possuem inteligência emocional, mas ela está dividida em três níveis: baixo, médio e alto. Existem ferramentas e diagnósticos que permitem a avaliação desse grau e também a comparação da inteligência emocional entre as pessoas. Por exemplo, é possível comparar este índice entre executivos que ocupam a mesma posição hierárquica.

É fato que esse conceito nunca esteve tão em voga quanto neste momento desafiador trazido pela pandemia da covid-19, mas também estão surgindo muitas oportunidades com ele, por exemplo, a possibilidade de olhar para dentro e ressignificar alguns conceitos.

Segundo Chris, “as pessoas têm se questionado mais e estão revisitando seus processos de autoconhecimento nesse período. Então é uma oportunidade de rever muitas coisas, vivíamos muito em um processo robotizado e não nos dávamos nem conta do motivo das coisas”.

Inteligência emocional no âmbito corporativo

A capacidade de atenção é limitada, ou seja, não é possível se dar conta de tudo que acontece no ambiente em que se está inserido. Isso significa que em uma mesma reunião pessoas captam coisas completamente diferentes porque cada uma tem uma lente e foco de percepção diferente.

Dar-se conta de onde está a sua atenção é o primeiro passo para perceber o que tem valor para você e o que pode deixar passar despercebido. Nesse sentido é importante fazer alguns questionamentos: para onde se volta a sua atenção enquanto líder? Resultados, tarefas, pessoas ou a equipe?

O cérebro possui diversos pensamentos automatizados, que são as respostas prontas para as situações – uma reta construída como forma de poupar energia com ações do dia a dia. Se isso não ocorresse, seria preciso aprender todos os dias, por exemplo, a andar e escovar os dentes. Mas mediante contextos externos, é necessário questionar os pensamentos e as respostas automáticas.

Essas respostas automáticas somadas à forma em que as pessoas enxergam as coisas, podem levar à chamada lente cruzada. Ou seja, é preciso, antes de julgar determinada ação/comportamento de alguém, compreender os pensamentos e sentimentos dessa pessoa acerca da forma como ela está agindo. Muitos dos conflitos e processos de comunicação com ruídos que ocorrem nas equipes são frutos de uma lente cruzada inadequada.

Classificação das emoções

O cérebro precisa de previsibilidade, pois só é possível gerenciar aquilo que se tem conhecimento. Ao se deparar com as emoções ele tem maneiras diferentes de agir dependendo do nível em que se encontram.

Emoções fortes – pensamentos comandados pela área do sistema límbico, onde as reações acontecem prontamente no modelo automatizado de respostas rápidas.

Emoções médias e leves – pensamentos comandados pelo córtex pré-frontal (centro executivo de criação) que cria, gera insights e oportunidades. Neste caso ele trabalha em conjunto com o sistema límbico.

Se as emoções estão em um nível forte, o cérebro ativa o sistema límbico (gerenciador das emoções) e temos a tendência a reagir de um modo reptiliano no modelo “ataque ou fuga”, ele não distingue uma dor física de uma dor social então o reflexo nesse caso é o de defesa ao se deparar com uma emoção forte.

Quando se consegue perceber a chegada de uma emoção forte é possível fazer uma relação com sua causa e assim a ressignificar, ou seja, olhar para a mesma cena, mas ter uma percepção diferente sobre ela.

Quando, em uma reunião, a conversa ficar mais acalorada significa que não é o melhor momento para continuar com aquela pauta, pois nesta situação o sistema límbico das pessoas está no modo “ataque ou fuga”, ou não falarão mais nada – fuga ou irão argumentar de forma efusiva – ataque.

Mentalidade fixa e de crescimento

Mentalidade fixa – “Tenho que ser bom”. Essa crença aciona muito facilmente o sistema límbico, qualquer atividade que gere um desafio maior ou uma certa insegurança, traz uma sensação de ameaça e a reação consiste em acionar esse sistema.

Mentalidade de crescimento – “Posso me tornar melhor”. Importante identificar as oportunidades de crescimento: onde estou e para onde vou? Isso desafia e motiva a aprender mais e aciona o córtex pré-frontal gerando insights.

É importante que os líderes olhem para suas equipes com a intenção de entender se há rigidez nos pensamentos ou mesmo medo de falhar. Se houverem pessoas do time com esse medo é necessário um trabalho para fortalecimento da autoestima mostrando sempre acreditar em seu potencial. Dessa forma é possível transitar de uma mentalidade fixa para a de crescimento.

Bem-estar psicológico

É necessário perceber onde estão os pensamentos: passado, presente ou futuro. Para trabalhar as emoções é necessário atenção e presença no agora. Inteligência emocional é um equilíbrio, tão importante quanto seu resultado geral é preciso equilibrar suas dimensões. Para encontrar esse ponto deve-se levar em consideração alguns fatores:

Autopercepção – como me vejo;
Autoexpressão – como me mostro;
Interpessoal – como interajo com as outras pessoas;
Tomada de decisões – como uso a inteligência emocional na tomada de decisões;
Gerenciamento do estresse – como ajo em um cenário de imprevisibilidade e mudanças.

Esses fatores não operam sozinhos, ter uma autoestima alta pode ser ótimo, mas se ela vem em desequilíbrio com as relações interpessoais vai transparecer um ar de prepotência. Então equilibrar esses dois pontos é encontrar a medida entre confiança em si próprio e também nas pessoas em que trabalham no time.

O bem-estar é um pré-requisito básico para ter uma inteligência emocional equilibrada. Existem quatro subescalas que interferem diretamente na sensação de bem-estar das pessoas: autoestima, autorrealização, relações interpessoais e otimismo. É imprescindível olhar para esses pontos e fazer um balanço com a intenção de harmonizá-los.

Dicas para driblar a pandemia emocional

Em um contexto de pandemia as relações interpessoais estão afetadas, pois não nos relacionamos mais com as pessoas como antes e o otimismo está abalado. É natural que o bem-estar não esteja em sua melhor fase, então ao invés de criar cenas de futuro o ideal é puxar os pensamentos para o momento presente. Abaixo listamos algumas dicas práticas para driblar estas questões emocionais:

Crie uma rotina – o cérebro precisa de um mínimo de previsibilidade;
Estado de presença – este não é o momento de focar nos objetivos futuros de médio e longo prazo;
Abasteça-se emocionalmente – cuide do bem-estar;
Identifique – nomeie as emoções e neutralize esses sentimentos;
Se adapte – ressignificação e atenção ao foco para não dramatizar os problemas;
Seja um agente ativo – mobilizar para o estado em que almeja.

E como você tem trabalhado sua inteligência emocional? Compartilhe conosco nos comentários!

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