A inclusão de pessoas com deficiência é uma das formas de se trabalhar a diversidade dentro da organização. Assegurada pela Lei de Cotas, todas as empresas devem contar com PcD dentro do seu quadro de funcionários. Ainda que exista uma lei que “obrigue” a contratação de pessoas com deficiência, a iniciativa de abrir espaço e receber essas pessoas deveria ser algo natural.
É um trabalho de conscientização, as empresas vendem valores para colaboradores e clientes através de produtos ou serviços, em sua maioria tratando o dia a dia semelhante a sociedade fora do local de trabalho, portanto, é coerente que nesta “sociedade” a diversidade e inclusão estejam presentes para representar tudo o que os murais nos corredores dizem.
Além de ser considerado um pilar estratégico, é essencial perceber o quão importante esse movimento de inclusão de pessoas com deficiência faz para o corpo social. Muitas vezes, pessoas consideradas PcD não conseguem uma vaga de trabalho mesmo cumprindo os requisitos necessários para o cargo.
Promover a inclusão vai além das cotas, é uma reflexão sobre o respeito e o reconhecimento das diferenças. Com o objetivo de debater e pensar o tema, a Blueprintt promoveu um painel mediado por Bianca Machado, Gerente Sênior da Catho com participação de Juliana Torres, Analista de Recrutamento do Bradesco, Marcelo Pires, Líder e Fundador da Consolidar Diversidade nos Negócios, Rafael Publio, Fundador da Santa Causa e Cid Torquato, ex-Secretário Municipal da Pessoa com Deficiência da cidade de São Paulo.
Os temas levantados durante a conversa foram:
- Como a diversidade pode se transformar em um diferencial competitivo;
- Liderança Inclusiva: como ganhar aliados para promover um ambiente inclusivo;
- Cases de sucesso na inclusão de profissionais com deficiência;
- Oportunidade no mercado de trabalho.
A primeira reflexão colocada no debate foi sobre o principal desafio na atualidade para promover a real inclusão no ambiente corporativo.
Para Rafael, o principal desafio é a questão da atitude, porém existem outros desafios intermediários para conseguir mudar a atitude. O fundador da Santa Causa listou três deles:
- Inexistência de programas de inclusão;
- Dificuldade de identificar barreiras;
- Gap entre RH e gestores.
De acordo com Rafael, todos os desafios são plausíveis e podem ser ultrapassados a médio e longo prazo. Esses três pontos levantados justificam, indiretamente, a questão da oportunidade de trabalho.
A falta de programas de inclusão, dificuldade de identificar barreiras e a falta de conexão entre RH e gestores complica muito a inserção no mercado de trabalho.
“Capacitação dos dois lados. Os dois lados tem que aprender. Capacitação é um passivo estrutural da sociedade brasileira, então não é só contratar pessoas com deficiência, contratar qualquer um em qualquer área é uma dificuldade”, comenta Cid sobre a questão de desemprego para PcD.
A escolaridade afeta muito a questão da capacidade, mas é dessa forma que a diversidade pode ser trabalhada, como uma oportunidade. Segundo o ex-Secretário, ações como: amplo programa de estágio e contratação junto com o setor privado fizeram a diferença.
“A tecnologia é a principal ferramenta de inclusão. Ela que vai minimizar as eventuais limitações das pessoas”, diz Cid.
Não só a tecnologia, mas o olhar humanizado com o cenário de inclusão de pessoas com deficiência. Ainda sobre tecnologia, Marcelo Pires compartilhou o que os PcDs precisam para performar de forma confortável.
“A questão do comportamento atitudinal conectando com o que o Cid coloca, você começa a trabalhar a atitude da empresa, atitude do gestor que vai contratar essa pessoa com deficiência, e você consegue fazer na outra ponte capacitação. E promover o encontro entre esse caminho distante é o grande pulo do gato que eu acredito”, afirma Marcelo.
É interessante a fala do Marcelo, principalmente quando ele cita a atitude da empresa, pois o discurso precisa bater com as ações no dia a dia. A cultura da empresa precisa estar aberta para a diversidade inclusiva.
O processo de inclusão de pessoas com deficiência
Existe um velho paradigma nas empresas do “aqui não é possível fazer” que prejudica o olhar e a atitude de mudança, independente do tipo de transformação que pode variar desde automações até a diversidade e oportunidade de inclusão de pessoas.
Sobre isso, Juliana Torres comentou sobre como o RH pode ampliar para contratação da pessoa com deficiência. “O desafio do RH na contratação é um desafio como um todo em trazer a diversidade, e esse momento que a gente tem a oportunidade de facilitar essas conversas”, afirma.
Ela ainda comenta que as cotas trouxeram a realidade de como é a nossa sociedade. Procurar o semelhante é automático, é preciso encontrar esse viés da atitude. Os pontos de conexão podem facilitar, mas também podem trazer um distanciamento da diversidade.
Trazer a discussão e não só programas é crucial para reverter essa questão. Contar com PcDs em todas as áreas, participando de todos os produtos e tendo um retorno positivo, é uma forma de trabalhar a diversidade e ainda colher um feedback, indiretamente, sobre a percepção dos futuros clientes.
“A cultura de trazer a inclusão, algumas coisas que são tão fortes no Bradesco e eu brinco que pouco se fala fora. A preocupação social, como eu incluo uma população tão pobre, no Brasil não podemos falar que temos uma população de classe média, e a gente tem mais de 90 mil alunos atendidos na fundação Bradesco”, lembra Juliana.
Por fim, no mundo de hoje, onde a informação está cada vez mais disseminada, a inclusão nas empresas é uma questão de seguir a evolução enquanto sociedade, ter esse olhar macro para inclusão pessoas com deficiência envolver a estrutura cultural da empresa.
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