Um levantamento realizado pela McKinsey & Company no ano de 2017, revelou que empresas que estavam avançadas no tema da diversidade de gênero em seus times tinham 21% a mais de chance para aumentar seus lucros, se comparadas com as demais.
Sobre a questão da diversidade étnica e cultural, os números foram ainda mais surpreendentes, cerca de 35% de probabilidade de aumentar a margem de lucros financeiros comparada às organizações que não aderiram essa questão na cultura empresarial.
Ainda no âmbito da pesquisa, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), organizações que apoiam o impacto da diversidade de gênero, concluem que cerca de 5% a 20% dos lucros acontecem quando uma mulher ocupa um papel de liderança. Contudo, o órgão revela que, no Brasil, apenas 3% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.
Se as pesquisas comprovam que trabalhar a diversidade na prática é rentável para as empresas, por que ainda há um número tão baixo nas lideranças? Muitos motivos que eram utilizados no passado – erroneamente – não fazem mais sentido e nem valem a menção. Hoje, com o mundo totalmente conectado, inovador e moderno, ainda é comum ver na estrutura hierárquica o mesmo padrão físico e étnico de pessoas ocupando os cargos mais altos.
A fim de entender melhor essa e outras questões, a Blueprintt promoveu um painel sobre “Diversidade na Prática: como ser uma empresa verdadeiramente inclusiva e impactar todos os departamentos da organização”.
Moderou o painel Patricia Antonia Silva, responsável pelo Recursos Humanos Diversidade e Inclusão da IFF com participação de Khalil Gold Rassi, Analista de Sustentabilidade e Cidadania Corporativa do Grupo Fleury, Margarete Yanikian, Gerente de Recursos Humanos e Alexandra Oliveira, Diretora de Qualidade da Whirlpool.
Os temas abordados foram:
- Preparando toda a organização para a cultura da diversidade;
- Estratégias e ações de uma empresa verdadeiramente inclusiva;
- Como conferir o sentimento de pertencimento e permitir que todos se conectem com a mesma oportunidade de desenvolvimento.
Diversidade na prática faz diferença na produtividade?
Ainda que promover um ambiente mais heterogêneo seja uma realidade, o foco do mundo corporativo é o lucro, mas a diversidade é necessária para as empresas se encaixarem no mundo atual.
Khalil Gold Rassi abre o debate sobre esse tema. “Todo mundo aqui sabe que grupos mais diversos são mais inovadores. Não adianta você colocar um monte de homem branco, cis, hétero para gerar as ideias e para trazer soluções que irá impactar um público muito pequeno, muito quadrado”, diz.
A fala de abertura do analista diz muito sobre empatia no sentido de identificação, muitas vezes o que aproxima as pessoas é o fato delas se reconhecerem nas outras, seja pela atitude, pela liderança ou pela questão de gênero. Estabelecer um padrão nesse quesito não torna um ambiente saudável e plural.
Khalil completa sua fala afirmando que um grupo de pessoas diferentes, com histórias diferentes, a empresa terá soluções diferentes. Uma empresa tem valores que se assemelham a vida fora do local de trabalho, logo, ela é uma sociedade, se nessa sociedade não houver uma cultura mais diversificada como estamos acostumados, ela já está equivocada.
Quando uma pessoa dentro do local de trabalho não se sente à vontade para ser quem ela é, como vai se sentir tranquila e segura para expressar suas ideias?
Partindo do princípio que cada funcionário é um representante da empresa, o conceito sobre diversidade vai muito além das concepções básicas.
Até do ponto de vista estratégico, se o foco é o cliente externo, saiba que esse público é diverso. Para você entender melhor e entregar um serviço ou um produto que atenda às necessidades do consumidor, é preciso saber quem ele é, e dentro da própria empresa é possível encontrar essa resposta.
Diferenças entre diversidade e inclusão
Voltando a comparação entre a sociedade com a vida dentro da empresa, surge a reflexão sobre diversidade e inclusão. Não há como debater e implementar uma sem a outra, entretanto existem diferenças entre elas.
A diversidade existe em qualquer lugar partindo do princípio básico, até mesmo dentro de uma família existem pessoas que pensam diferente tendo o mesmo sangue nas veias. A questão é como incluir diversos tipos de pessoas em um mesmo local?
“Quando a gente fala de diversidade não tem como a gente não passar por inclusão. (…) Todo mundo é diverso, você tem a sua história, sua origem. Na minha cabeça e eu sou muito vocal em relação a isso é que diversidade é para todos, a grande diferença aqui é como nós promovemos a inclusão?”, comenta Alexandra Oliveira.
De fato, inclusão é uma questão muito mais profunda no tema da diversidade. Muitas empresas encaram diversidade como ação pontual, enquanto a inclusão é algo mais permanente.
Outra questão importante é sobre o senso de pertencimento com o foco de conectar todas as pessoas no mesmo objetivo.
Margarete Yanikian considera esse o maior desafio da Atento.
“De fato, até pela grandiosidade da empresa nós estamos presentes em vários estados, diversas operações mesclando áreas administrativas, etc. Fazem com que toda essa diversidade de fato se integre é bem desafiador. Então, uma das práticas que a gente adotou, de um ano e meio pra cá, foi utilizar nas nossas campanhas internas fotos de colaboradores”, explica.
A comunicação em conjunto com o endomarketing é crucial para fazer esse trabalho de pertencimento, colocar o colaborador como estrela das campanhas e ações gera uma motivação e um engajamento que não aconteceria se fossem contratados modelos para representar a empresa.
Mas isso não é suficiente. É preciso estar enraizado na cultura da organização esse pensamento. Demonstrar no dia a dia, com respeito além das ações, a importância de cada colaborador.
“Essa parte de educação para mim é fundamental e a empresa em que nós trabalhamos tem um papel incrível em tudo isso. Muita das coisas que eu aprendi aqui foi trabalhando, minha mãe nunca sentou comigo para explicar o que é diversidade e inclusão e eu sou filha de uma familía de negros”, reforça Alexandra Oliveira sobre a questão da educação enquanto ferramenta para diversidade e inclusão.
A fala de Alexandre traduz o que é a realidade no Brasil, muitas crianças vão para escola para comer, assim como muitos jovens entram na empresa em busca de se tornar um ser humano melhor. É responsabilidade da empresa ter consciência sobre isso, ela não forma só um profissional, mas um cidadão.
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