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Como usar blockchain na minha empresa?
Novidade que nasceu com o bitcoin, a tecnologia vem demonstrando que seu uso pode ir muito além, devido a suas fortes características de criptografia e descentralização.
O blockchain surgiu para ser uma estrutura de dados de registro público de todas as transações feitas em bitcoin.
Ela cria o encadeamento de registros – onde o registro atual depende de informações do anterior –, sendo impossível alterar um registro passado sem que isso seja detectado e permitindo, assim, o intercâmbio de dados de forma segura, reforçando a autenticação e a validação das informações.
E é com esse potencial “blockchain of things” que a tecnologia está despertando o interesse de instituições financeiras globais e também de empresas de outros setores.
Os bancos veem na tecnologia uma oportunidade para reduzir custos, eliminar intermediários, oferecer novos serviços e aprimorar os atuais.
Bancos centrais, como da Inglaterra e da China, inclusive, enxergam no blockchain um mecanismo importante para redução de fraudes e rastreamento de transações.
No Brasil, o Bradesco é um exemplo de companhia que tem avançado cada vez mais no estudo e adoção do Blockchain.
Quer saber como? Leia este artigo até o final.
Para George Marcel Smetana, consultor do departamento de Pesquisa e Inovação do Bradesco, são muitos os casos de uso presentes em bancos e seguradoras que podem ser beneficiados pelo Blockchain.
“O compartilhamento de informações sobre fraudes e listas restritivas são exemplos simples. O Blockchain nos tem feito repensar vários dos nossos produtos, serviços e ecossistemas”, diz.
Atualmente o departamento de Pesquisa e Inovação da instituição financeira tem percorrido as áreas técnicas, operacionais e de negócio, divulgando e explicando o que é Blockchain/Distributed Ledger e que tipos de problemas ele pode resolver.
Na prática, a empresa tem realizado testes com plataformas como o R3 Corda e Hyperledger Fabric, da IBM, que utilizam o blockchain com a arquitetura de sistemas de registro distribuído (Distributed Ledger), que pode ser aplicada de diversas formas:
O Bradesco realizou uma prova de conceito que permitiu usar o blockchain como uma ferramenta de apoio no compartilhamento de dados de cadastro de clientes com outros bancos.
“Não chegamos a evoluir para um projeto piloto, porque há muitas outras coisas que precisam ser consideradas, como o modelo de negócio e o impacto nos nossos próprios negócios. Não podemos comentar ainda como isso está evoluindo internamente, mas a Febraban está trabalhando em algo inspirado nessa prova de conceito para auxiliar no processo de onboarding digital”, revela Smetana.
No entanto, Marcel explica que desde o começo dos estudos o departamento tem muito claro que o Blockchain não é a solução para todo e qualquer problema.
Em muitos casos, ele é uma das opções de solução, sendo que em alguns ele é a melhor opção e, em outros casos, não faz o menor sentido.
As formas de uso citadas anteriormente são um indicativo que muitos processos bancários e de seguros podem ser impactados.
Mas nem por isso, segundo o consultor, ela pode ser a melhor solução para todos os problema.
É preciso analisar os requisitos funcionais e não funcionais de cada negócio, além de aspectos como privacidade, desempenho, custo e governança, entre outros.
No Bradesco, por exemplo, ainda é preciso realizar as integrações necessárias.
“Algumas partes do legado podem vir a ser substituídas, se fizer sentido, claro. O tempo depende da complexidade dos negócios e sistemas envolvidos. Coisas completamente novas podem ser feitas em prazos menores, enquanto outras, que envolvem sistemas core, certamente levarão mais tempo. As plataformas enterprise de Blockchain ainda não são tão maduras, mas estão evoluindo de forma consistente e melhorando também com relação à volumetria e escalabilidade”, acrescenta.
Outra etapa importante na evolução dos sistemas integrados com o Blockchain é a regulação de tais procedimentos.
“Entendemos, por exemplo, que os órgãos reguladores do sistema financeiro nacional zelam pela estabilidade do mesmo, pelo poder de compra da nossa moeda e pela proteção do cliente. Eles não regulam sobre tecnologia, mas sobre modelos de negócio e processos. E o Blockchain é uma tecnologia que pode mudar modelos de negócios e processos”, explica Smetana.
De qualquer forma, segundo o consultor, os órgãos reguladores têm se mostrado bastante interessados no assunto e abertos para a conversa.
O próprio Banco Central tem um time técnico estudando e explorando o uso de Blockchain.
“Cremos que se apresentarmos para os órgãos reguladores uma solução em Blockchain melhor do que aquilo que se tem hoje, não haverá objeções, mas pode ser necessário algum eventual ajuste para permitir o uso desses modelos e processos. Isso pode ser aplicado, por exemplo, em depósitos em cheque pelo celular, onboarding digital, cloud computing, inteligência artificial, open banking e as próprias fintechs”, pontua.
Todas esses estudos e demonstrações implicam como o Blockchain afetará de forma geral as empresas.
Profissionais de segurança da informação precisam entender as possibilidades e limitações da tecnologia associadas ao registro distribuído e os cenários de negócios futuros para suas indústrias, em uma economia cada vez mais programável.
“Todos esses profissionais precisam de um processo contínuo de atualização e aprendizagem, não só com relação exclusiva a tecnologias ligadas ao Blockchain, mas também com relação a modelos de negócio, relacionamento interpessoal, relacionamento com os clientes, cosmovisão etc. Quem não fizer isso, ficará para trás, sejam pessoas ou empresas”, decreta o especialista.
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