Conheça práticas de compliance adotadas por empresas do selo Pró-Ética

práticas de compliance

Para saber qual o melhor caminho na adoção de práticas de compliance, trouxemos alguns exemplos importantes de empresas reconhecidas com o selo Pró-Ética, do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU).

 

A iniciativa consiste em fomentar a adoção voluntária de medidas de integridade pelas empresas, no intuito de promover um ambiente corporativo mais íntegro, ético e transparente.

 

E para fortalecer essa cultura ética e consciente dentro das organizações são necessárias práticas relevantes e determinantes para uma transformação efetiva.

 

As medidas envolvem comprometimento da alta direção e compromisso com a ética, comunicação e treinamento, canais de denúncia, análises de risco, monitoramento, transparência e responsabilidade social.

 

Confira neste artigo alguns programas de compliance adotados de acordo com a realidade, porte, setor e com os riscos de cada empresa.

 

3M do Brasil

 

A 3M é uma empresa multinacional americana, com uma presença significativa na América Latina e há 60 anos no Brasil. Com uma história de inovação, a companhia constantemente renova não só seu portfólio, mas também suas formas de fazer negócio.

 

A 3M tem envolvimento com compliance desde 1988 e um departamento constituído para tema desde 2003. No entanto, em 2009, a companhia fez uma autodenúncia ao departamento de Justiça americano em função de uma suspeita de violação ao FCPA (A Lei Anticorrupção dos EUA) em uma subsidiária da Turquia.

 

Foram três anos de apuração do caso junto aos órgãos SEC e DOJ – um período complexo para o negócios, que felizmente terminou bem.

 

Ambos reguladores decidiram não seguir com o processo, pois entenderam que essa não era a forma da 3M de conquistar negócios e também porque a própria companhia colaborou efetivamente no processo, a ponto de se auto denunciar às autoridades, algo que, naquela época, era mais difícil de acontecer.

 

Foram muitas lições aprendidas, inclusive de que o programa de compliance precisava melhorar.

 

Entender as leis globais

 

Líder de compliance da América Latina, Roberta Kanawaty Paoloni explica que a empresa possui uma célula que trabalha na implementação do programa de compliance para avaliar as diferenças culturais e a legislação de cada País, pois eles possuem sua própria lei anticorrupção.

 

“Não adianta fazer um programa só pensando em FCPA; tem a lei da empresa limpa, tem as leis de outros países latino-americanos, cada um suas particularidades. Por isso também é nosso trabalho também entender essas leis e adaptar nosso programa para que a gente possa cumprir todas elas”, ensina.

 

É fundamental que os executivos demonstrem o comprometimento com os programas de compliance e este é, inclusive, um dos pilares do selo Pró-Ética.

 

Em virtude disso, a 3M está migrando de “tom de cima” para “conduta de cima”, ou seja, são os líderes que devem participar efetivamente das ações de compliance.

 

“Não adianta RH e auditoria dentro de um comitê de compliance, pois já estamos comprometidos com isso. Precisamos da pessoa de negócios da empresa, do presidente, do diretor ou do VP presente para discutir o programa, reservando um tempo da agenda dele para checar os processos, rever políticas e avaliar métricasce”, explica Roberta.

 

Segundo ela, o departamento de compliance serve para preparar relatórios, treinamentos, dashboards. Mas são os líderes que realizam os treinamentos e fazem o follow up.

 

Plano estratégico

 

Roberta também esclarece que treinamentos rasos e pouco esclarecimento nas ações de compliance são pouco eficazes. Um exemplo de insucesso são apresentações de mais de uma hora para falar de ética.

 

“Algo muito mais efetivo é participar de reuniões que já são pré-estabelecidas, como as reuniões periódicas da equipe de vendas, por exemplo. Bastam 20 minutos, seleciona um caso real e discute com todo o pessoal de negócio sobre o que aconteceu. Os líderes fazem a condução dessa conversão. Isso é muito mais efetivo no ponto de vista da transmissão de conteúdo”, revela.

 

Outra medida da empresa foi estabelecer que todo nível de presidência para cima passasse por um veto de compliance.

 

Isso também mostra o comprometimento da alta administração e realizar um background check deste executivo para liderar uma organização, ou seja, é avaliado se ele possui conhecimento – do ponto de vista ético – e se ele tem os valores corretos para liderar uma organização.

 

O canal de denúncias da 3M, ainda, é uma das práticas, com programa aberto para qualquer denúncia – pode ser feito internamente na empresa ou mesmo de fora, por qualquer pessoa.

 

Avaliação de integridade

 

Assim como uma avaliação de crédito para entender a saúde financeira de uma empresa, a 3M investiu na avaliação de parceiros de negócios, optando por fazer de todo mundo, seja fornecedor, representante comercial, distribuidor.

 

Isso não é algo extremamente complexo. São realizadas por meio de um sistema conectado ao de cadastro – não dá para faturar nada sem passar por ele – perguntas de análise do perfil, mitigação de riscos e acompanhamento do processo.

 

Para a 3M, essa também é uma forma de conscientizar os parceiros de negócio da importância de existir um programa de compliance para os devidos fins.

 

 

Neoenergia

 

A Neoenergia é um grupo que atua em todas as etapas do negócio de energia, como distribuição, geração, transmissão e comercialização, atendendo à três milhões de unidades consumidoras.

 

Na empresa, o selo Pró-Ética é visto como uma consequência do trabalho de aplicação das práticas de governanças. Aliás, este é um caminho que não se trilha do dia para a noite.

 

“No Brasil temos nosso modo de ser, nossa dificuldade em seguir regras ou tentar resolver as coisas da maneira mais fácil. O que torna a cultura de compliance um desafio maior. Por isso, é fundamental criar uma jornada de transformação cultural para vermos resultados aplicáveis na prática”, explica Roberto Medeiros, Head de Compliance da Neoenergia.

 

A empresa revisitou conceitos teóricos para criar um programa de integridade que contemple essa lógica e possa ser alinhado com essa questão da cultura comportamental. O objetivo era chegar à um caminho que pudesse gerar mais agilidade, fluidez e, consequentemente, mais eficácia.

 

Assim, foi preciso trabalhar um política de compliance que desenvolvesse mais princípios, que gera menos regras e controle formal, pois adquire mais valor e confiança entre os colaboradores, dando a eles autonomia necessária para executar suas ações, por meio de uma confiança recíproca estabelecida pela empresa.

 

“Sob esses aspectos, quanto mais se trabalha com princípios e transparência, menos regras eu preciso. Assim eu aumento a consciência coletiva de uma organização e meu clima organizacional também vai melhorar”, ensina Medeiros.

 

Canais de atuação

 

Qualquer colaborador com acesso à rede interna da organização pode fazer perguntas sobre canal de ética ou questões relacionados. Essas dúvidas são respondidas em até três dias úteis.

 

Em paralelo, a Neonergia conta também com seu canal de denúncia, acessível para colaboradores, fornecedores e toda a sociedade.

 

Outra iniciativa é que, em virtude de seu negócio, a Neoenergia tem uma relação grande com o poder público e com órgão reguladores de fiscalização. Então, a empresa precisou fazer um mapeamento para identificar suas várias esferas de atuação e pontos de contato com o poder público.

 

Com isso, a companhia também criou uma norma de relacionamento com o poder público para regular situações que identificavam de maior risco e alguns vetores de análise contínua:

 

  • Matriz de risco – quais probabilidades? Quais percentuais de impacto?
  • Controle de processos – é automático? Alguém fará julgamento dele? QUal seu tempo de vida? Tem histórico de desvios? Com que frequência ocorre?
  • Conformidade – Quais regras ou leis estamos descumprindo?
  • Reputação – caso algo dê errado, qual o nível de repercussão? Nacional? Internacional? Alguém pode ser detido?

 

Além de alguns treinamentos mandatórios, a comunicação também é realizada de forma global. Mensagens sobre ética são exibidos nas telas dos computadores, em folhetos, revistas, informativos quinzenais, televisões corporativos e até em jogos corporativos em esperas de elevador.

 

Por fim, no sistema de avaliação de fornecedores consta pesquisa, cláusulas, sistema de controle de pagamento e sistema de fiscalização.

 

Mais adiante a ideia é que a própria área de compras possa utilizar o sistema de pesquisa e realizar uma consulta de fornecedor, verificando com a área de compliance só quando for relevante.

 

Conheça todas as empresas que receberam o selo Pró-Ética do ano passado:

 

  • 3M do Brasil
  • ABB Ltda
  • Alubar Metais e Cabos S.A.
  • Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)
  • Chiesi Farmacêutica Ltda.
  • CPFL Energia S.A.
  • Duratex S.A.
  • Elektro Redes S.A.
  • Enel Brasil S.A.
  • Ernst & Young Auditores Independentes S/S
  • Fleury S.A.
  • GranBio Investimentos S.A.
  • GranEnergia Investimentos S.A.
  • ICTS Global Serviços de Consultoria em Gestão de Riscos Ltda.
  • Itaú Unibanco Holding S.A.
  • Natura Cosméticos S.A.
  • Neoenergia S.A.
  • Nova/sb Comunicação Ltda.
  • Radix Engenharia e Desenvolvimento de Software S.A.
  • Siemens Ltda.
  • Souza Cruz Ltda.
  • Tecnew Consultoria de Informática Ltda.
  • Unimed Belo Horizonte Cooperativa de Trabalho Médico.

 

As inscrições para receber o selo Pró-Ética deste ano estão abertas até dezembro de 2018, clicando aqui.

 

Quer saber mais sobre práticas de compliance e ética?

 

Participe do Compliance Management Summit, promovido pela Blueprintt em outubro.

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