O novo ambiente de negócios está cada vez mais caracterizado pela aceleração do ritmo das mudanças, sejam elas culturais ou tecnológicas. Diante desse novo cenário, muito tem se discutido a respeito das finanças 4.0 e como esse conceito impactará a realidade dos negócios.
Estudos já apontavam que, em 2020, a área de finanças corporativas passaria por grandes transformações tecnológicas com o uso de robotização, blockchain, inteligência artificial, dentre outros. Mas, a pandemia acabou impulsionando e acelerando alguns projetos voltados para esta pauta.
Agora, os profissionais que atuam na gestão financeira precisam exercer um papel ainda mais estratégico, utilizando toda a capacidade de análise de dados para auxiliar as empresas no alcance de seus objetivos e consolidação no mercado.
Tivemos, na última edição do evento Financial Planning Conference, a participação do Gustavo Mendes, então director of FP&A, Strategy e M&A do Ifood, falando sobre as diversas ações implementadas para transformar a área de finanças corporativas em 4.0. Importante ressaltar que, recentemente, o executivo realizou uma mudança de organização.
Confira abaixo os principais pontos da apresentação!
Nova economia vs. economia tradicional
A globalização trouxe, muito mais do que já havia no passado, um excesso de volatilidade e incertezas. Além disso, os atuais acontecimentos transformaram radicalmente a forma das empresas operarem seus negócios.
A economia tradicional é caracterizada, principalmente, pelas grandes organizações que acabaram deixando de existir, como a blockbuster, kodak e diversas outras. Elas tinham como foco principal seus produtos específicos, além de não acompanharem as novas tecnologias e não identificarem possíveis riscos ao negócio.
Nenhuma empresa, área ou processo está totalmente preservada, é preciso mudar e se reinventar o tempo todo. E a principal mudança deve estar em direcionar o foco da companhia para a valorização do ativo conhecido como “informação” e pensar em estratégias para se conectar cada vez mais com os clientes.
Principais mudanças
As pessoas estão mudando seus hábitos e também a forma como gerenciam suas vidas, a penetração de internet nos países tem aumentado consideravelmente e os indivíduos dedicam boa parte dos seus dias aos smartphones.
Muitas tecnologias ainda serão inseridas no contexto brasileiro, como a inteligência artificial até então pouco usada no país. Embora algumas organizações já direcionem investimentos nesse sentido, o potencial é enorme e existe muito receio em torno desta ferramenta.
Além disso, o uso das redes sociais está gerando uma nova linha de receita para a população e se as empresas dedicarem esforços para entender como elas podem se conectar com seus consumidores, vai possibilitar uma transformação na sua forma de atuação.
Para transcender a abordagem de empresa tradicional é necessário investir em outras indústrias, por exemplo, em meios de pagamentos, inteligência artificial e tantas outras tecnologias disponíveis. É preciso, também, abraçar o fato de que tudo muda rapidamente, o volume de dados hoje é imenso e trabalhar usando ferramentas antigas fica cada vez mais desafiador.
O novo executivo de finanças
Com todas essas evoluções, a análise financeira não fica mais restrita apenas à área de finanças, todos os departamentos da empresa montam suas próprias análises e, neste sentido, é preciso abrir mão do controle para trabalhar em conjunto e em prol da organização.
Um dos principais gargalos das finanças corporativas 4.0 está em encontrar pessoas preparadas para trabalhar nessa nova era. O futuro consiste em aplicar automação e RPA, trabalhos rotineiros precisam ser automatizados para que os seres humanos possam dedicar sua capacidade intelectual ao que é realmente relevante.
Ter um time completamente diverso em todos os sentidos, principalmente no que tange a formação acadêmica é peça-chave para a transformação do departamento em finanças corporativas 4.0.
Caminhos para alcançar a área de finanças 4.0
O passo mais importante nesse processo de automatização e transformação de processos em finanças 4.0 é o investimento em sistemas qualificados que forneçam o devido suporte. Passada esta etapa, é necessário direcionar os esforços em business intelligence e por fim, investir em inteligência artificial.
O uso de ferramentas digitais e análises no processo de forecasting permitirá que a área de finanças atue de maneira diferenciada. Abaixo listamos algumas formas de fazer as previsões da organização:
– Bottom-up: normalmente este modelo acaba não sendo tão efetivo, pois cada área tem seus próprios interesses, mas sem pensar na organização como um todo.
– Centralized: aqui a área de finanças acaba fazendo todo o planejamento sozinha e os demais departamentos acabam não se identificando com os resultados.
– Supported by prediction: uma mistura dos dois formatos anteriores, trazendo a visão das áreas, mas analisando também os dados para verificar se faz sentido.
– Automated prediction: modelo baseado em análises automatizadas e com uma acuracidade bem elevada, o FP&A consegue ter tempo para conversar com o negócio buscando fazer mais com menos.
Principais comportamentos que podem auxiliar neste processo de mudança da área de finanças em 4.0:
- Ter foco no desenvolvimento de competências e habilidades analíticas avançadas;
- Reunir comunidades multidisciplinares de especialistas para enfrentar os desafios;
- Ter um currículo focado em desenvolver habilidades críticas;
- Definir o sucesso do seu desenvolvimento medindo o impacto nos negócios;
- Aproveitar as vantagens das soluções digitais para adaptar plataformas de aprendizagem, promovendo conteúdos relevantes;
- Buscar parceiros para alavancar os conhecimentos e experiência.
Além de todos os pontos listados, é necessário mudar a mentalidade tradicional focada no transacional, avessa ao risco e orientada apenas pelos números para uma mentalidade direcionada ao analítico, pensando em modelagem e previsão de negócios, além de adaptabilidade e capacidade de influenciar as demais áreas.
Em suma, para se tornar 4.0, a área de finanças corporativas precisa estabelecer políticas e produtos para apoiar a empresa em toda a sua cadeia. E isso inclui a utilização de tecnologia para otimizar as tarefas rotineiras, propiciar análises de dados acuradas, times diversos e multidisciplinares e, acima de tudo, desafiar e mudar o status quo para implementar as mudanças necessárias.
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