Defina a estratégia correta para eliminar riscos financeiros em tesouraria

BP-ESTRATÉGIA CORRETA

Conhecer e identificar riscos financeiros pode proteger seus ativos das volatilidades do mercado

Em uma conjuntura de sucessivas crises globais, é vital que as empresas contem com uma estratégia para eliminar riscos financeiros em tesouraria. Isso porque, além dos efeitos econômicos, um cenário de instabilidades e incertezas tem grande impacto sobre a volatilidade das taxas de juros e de câmbio.

“O objetivo da gestão de risco é proteger o valor de um ativo/objeto contra mudanças adversas decorrentes da flutuação dos preços de commodities ou de moeda. Preservando, assim, os lucros e o fluxo de caixa da empresa”, afirma Cynthya Reyes, Corporate Treasurer Latin America da Clarios.

A seguir, conheça os tipos de riscos financeiros mais comuns e saiba como tornar sua gestão de risco mais eficiente.

Derivativo: instrumento de proteção

Muitas empresas adotam como estratégia para eliminar riscos financeiros em tesouraria a operação de derivativos.

Por definição, o derivativo é um contrato financeiro cujo valor final está atrelado ao preço de outro ativo/objeto. Por exemplo, ações, moedas, ouro, taxas de juros, commodities etc. Desse modo, o derivativo tem liquidação sempre em uma data futura.

De acordo com Cynthya, uma empresa que opera com derivativos precisa ter a contabilidade afiada para fazer a conciliação e a contabilização correta das informações que vão compor o nível de risco. Além do alinhamento com os setores de finanças e tesouraria, é preciso ter um fluxo de caixa bem planejado.

“A operação de derivativo protege o ativo/objeto, mas ao fim do contrato há um ajuste de valor. Por isso, a empresa precisa estar preparada para honrar o pagamento caso o derivativo tenha resultado negativo”, lembra ela.

 

Quando incluir o derivativo na estratégia para eliminar riscos financeiros em tesouraria

O profissional de tesouraria e finanças que tem como obrigação fazer a gestão de risco deve evitar ao máximo o derivativo. Como vimos, apesar de ser um instrumento de proteção de ativos, ele pode ter um custo futuro significativo.

Segundo a tesoureira, “O ideal é sempre evitar o risco. Mas quando isso não for possível, minha recomendação é avaliar outras opções e deixar o derivativo como último recurso”.

A ordem de preferência da estratégia para eliminar riscos financeiros em tesouraria é a seguinte:

  1. Evitar. Existe como fixar preços, sem riscos cambiais?
  2. Transferir. Existe a possibilidade de transferir o risco via cláusulas de contrato ou cláusulas de paridade?
  3. Dividir. É possível dividir o risco fazendo acordos de compartilhamento, cláusulas de moeda, entre outros?
  4. Derivativos. Se nenhuma das opções acima for viável, então recorre-se ao derivativo.

O hedge e a cobertura de exposições

Outro ponto fundamental para que a estratégia para eliminar riscos financeiros em tesouraria seja efetiva é que a empresa tenha uma política de hedge bem esclarecida e entendida por toda a empresa.

O hedge é um poderoso aliado para reduzir a volatilidade dos fluxos de caixa e a exposição a fatores de risco. Da mesma forma, a política de hegde diminui a probabilidade de que o estresse financeiro de uma empresa comprometa seu desempenho comercial.

Existem três tipos de exposição a partir dos quais é possível criar uma política de hedge segura.

  • Exposição econômica aos preços flutuantes de mercado. Afeta o lucro, fluxo de caixa e os investimentos estrangeiros de uma empresa. Neste caso, o hedge vai proteger o fluxo de caixa projetado para a empresa.
  • Exposição de transação. Ocorre sempre que uma empresa registra uma transação (dentro da companhia ou com terceiros) em moeda estrangeira até a liquidação da transação. Aqui o hedge vai proteger fluxo já contabilizado.
  • Exposição de conversão. Quando demonstrações financeiras da empresa são convertidas da moeda funcional local para a moeda-base da empresa mãe (USD, EUR, GBP etc.). Comum em empresas multinacionais que trabalham com diferentes moedas.

 

Riscos diretos e indiretos em moeda estrangeira

A estratégia para eliminar riscos financeiros em tesouraria passa pela identificação da origem e do processo que gera o risco.

Os tipos de risco mais comuns a que uma empresa pode se expor ao trabalhar com moeda estrangeira são o direto e indireto. “Ao tesoureiro cabe desvendar principalmente os riscos indiretos”, afirma.

O risco direto é aquele que facilmente se identifica. Um exemplo são as importações e exportações, operações nas quais a empresa concorda em estabelecer um preço em outra moeda. Nesse caso, o risco cambial advém de variações na taxa de câmbio entre a moeda funcional adotada pela empresa e a moeda estrangeira declarada no contrato.

Já o risco indireto é aquele oculto. Geralmente está presente em operações contabilizadas em reais, mas que sofrem variação cambial, como as realizadas pelas tradings.

Podemos pegar como exemplo uma importação cujo faturamento ao cliente é feito em reais. Na verdade, de acordo com a cláusula monetária do contrato, o valor será pago em moeda estrangeira convertida em reais a uma determinada taxa. Quem não se atenta a esse detalhe pode acabar faturando o cliente a uma taxa qualquer, o que leva a variações que atingem a margem da empresa.

“Falhas de gestores de risco acontecem porque eles olham apenas para o risco direto. Aí, no fim do mês, temos uma volatilidade tremenda”, observa a tesoureira da Clarios.

Outros problemas também podem duplicar os riscos, como pendências de baixas e baixas incorretas, o que gera um falso perfil de risco.

A interlocução entre as áreas de Tesouraria e Finanças é fundamental para que sejam comunicadas mudanças de processos, novas metodologias em contratos de compra e venda, e outras ações que possam impactar a gestão de risco.

Importação e exportação: onde nasce o risco?

É importante que na estratégia para eliminar riscos financeiros em tesouraria os profissionais responsáveis pela gestão de risco sejam capazes de entender os processos de importação para identificar variáveis que interfiram no planejamento da empresa.

“Eu trabalhei muitos anos com commodities. Ocasionalmente, para que eu pudesse entender o ciclo daquela commodity e definir a estratégia do hedge, tinha que ir até às plantações daquela cultura. Nossa responsabilidade como gestores de risco é realmente entender o fato raiz, a origem daquele risco”, conta Cynthya.

Segundo ela, para o gestor de risco os pontos de atenção na importação são:

  • Qual produto está sendo importado (têxtil, siderúrgico, químico, petroquímico, commodity)?
  • Onde eu tenho que contratar minha operação de hedge? Na origem, em trânsito, no destino ou quando a empresa lança a operação no sistema?
  • Onde começo minha operação de derivativo nessa situação para saber onde nasce o risco?
  • Como a taxa de nacionalização entra no sistema contábil da empresa?

No caso da exportação, a informação já nasce dentro do Brasil. Assim, é possível saber de antemão a taxa que a empresa registra (geralmente a PTAX, do Banco Central).

Mas também é importante saber com qual taxa o sistema está registrando a fatura de exportação. Dessa forma, não se perde a sensibilidade sobre qual estratégia adotar na operação de hedge.

“Cada setor tem uma característica diferente. O risco é a variação cambial, mas a forma como o risco é gerado muda. Por isso é tão importante definir o perfil da empresa ou do setor”, recomenda.

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